11 de outubro de 2016

RESENHA | Contos de Alguns Lugares — Paul Richard Ugo

Título: Contos de Alguns Lugares 
Autor: Paul Richard Ugo
Editora: Autografia
Páginas: 213
Lançamento: 2015
Onde comprar: Autografia

***Livro Cedido por Parceria***

Sinopse:

Os lugares onde vivemos são os verdadeiros personagens. Vinte e dois contos de terror, mistério e fantasia onde os lugares são minuciosamente descritos, levando o leitor a um passeio por fatos e ambientes baseados em lendas e misteriosos acontecimentos, alguns reais e outros imaginários. Neste primeiro trabalho de Paul Richard Ugo, a morte e o sobrenatural são tratados de maneira diferente do que se costuma ver em outros thrillers literários. Os Contos de Alguns Lugares têm como característica os lugares onde as tramas acontecem, com uma descrição detalhada que leva o leitor a visualizar os ambientes fazendo com que estes se transformem também em personagens.

Opinião:

Após viajar por alguns lugares sombrios do mundo e da mente humana, posso lhes dizer que o autor Paul Richard Ugo é um grande nome da literatura nacional no universo dos contos que envolvem mistérios, fantasia e lugares. Sim, lugares! De cidades americanas, onde a maldade pode ser servida num prato, passando pelas terras portuguesas banhadas de vinho e sangue, subindo o topo do Monte Katahdin, onde uma lendária criatura indígena se esconde... o livro “Contos de Alguns Lugares” teve vários motivos para ter recebido esse nome.

Além dos locais, o tempo também é bastante sentido em cada conto, ele é o agente que nos guia por épocas e realidades completamente diferentes, ou seja, o tempo e o espaço são fundamentos para as ideias do autor, sejam elas baseadas em fatos ou em meras fantasias. Como são vinte e dois contos no total, farei comentários breves daqueles que mais me chamaram a atenção (e são muitos!) por diversos fatores, afim de não me alongar tanto.
“A morte rondou aquela festa e chegou sorrateiramente por entre os labirintos de sebes, até entrar pelo porão onde ficavam guardadas as valiosas garrafas de vinho da família Morgan. [...]” — A Adega dos Morgan, Pág. 115
O conto que inaugura a coletânea é o Deixem Emma em Paz, onde uma garota com poderes sobrenaturais transforma a sua raiva em morte. Mesmo seguindo caminhos diferentes e já mostrando a força narrativa do autor, ele me lembrou muito Carrie de Stephen King. Chez Renée Dinner Restaurant, Por Dentro da Hora Morta e Fenômenos da Voz Eletrônica estão ligados de alguma forma ao lúgubre restaurante que serve “a melhor carne marinada ao vinho” de Baltimore, ambos são muito bons e tem o sabor da morte em cada palavra.
A Bandeja de Prata tem atmosfera e ritmo eletrizantes e envolve lendas, bruxas e maldições. A Pele começa, se desenvolve e termina brilhantemente, se passa num tempo onde haviam carruagens, camponeses e bailes, no qual uma seita arranca pele, coração e sangue para comercializar e fazer rituais. Um conto curto, porém um dos mais viscerais da coletânea é o Webcam, que possui descrições de arrepiar os cabelos.
“A casa estava toda fora de ordem, com restos de comida por todos os lugares, móveis fora do lugar, peças de decoração quebradas em cacos que se misturavam aos de garradas lançadas contra as paredes. As velas dos candelabros estavam terminando. Para ele, pouco importava. Queria mesmo que sua vida terminasse quando a última chama se apagasse naturalmente, E que fosse rápido, Por esta razão mantinha as cortinas fechadas para que a noite fosse eterna até seu momento final.” — A Pele, Pág. 95
Outro muito bom que fala de maldições e tragédias, porém agora envolvendo tribos indígenas e lenhadores, é O Décimo Terceiro. D. Lua, mesmo tendo apenas duas páginas, posso dizer que é um dos contos mais “mágicos” do livro, nele conhecemos a lenda de uma mulher que engordava e definhava de acordo com as fases da lua.

Os três contos mais bizarros da coletânea são Morte Barata, Madeleine e O Gato, ambos são mortalmente interessantes e envolvem animais: gatos, ratos e baratas, não necessariamente nessa ordem. Se eu tivesse que eleger o meu conto favorito, certamente seria A Tatuagem que mistura investigação policial, religião e sobrenatural. Ele é completo, e repleto de surpresas por isso nem irei falar de seu enredo.

Os contos variam bastante de tamanho, mas em geral são bem curtos e rápidos de ler. Eu fui intercalando eles entre um livro e outro, por isso demorei alguns meses para concluir sua leitura, mas lendo dessa maneira acho que consegui aproveitar melhor as histórias, o que fez com que a leitura de cada um fluísse melhor e seus elementos ficassem mais vivos em minha cabeça. Certamente cada um gostará mais de uns do que de outros, mas espero que vocês fiquem curiosos acerca dos que citei, pois a leitura realmente vale a pena. O livro recebe

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