21 de julho de 2016

RESENHA | O Teatro da Ira — Diego Guerra

Título: O Teatro da Ira (Chamas do Império #1) 
Autor: Diego Guerra
Editora: Draco
Páginas: 360
Lançamento: 2016
Onde comprar: Buscapé

***Livro Cedido por Parceria***

Sinopse:
“Basta uma faca para começar uma guerra.”
Jhomm Krulgar é um ninguém. Um rato de estrada. Um cachorro vadio. Um mastim demoníaco. Sua espada está a venda para qualquer um com moedas no bolso e objetivos escusos. Quando uma garota surge prometendo a riqueza de um rei e a realização dos seus desejos de vingança, ele nem imagina que está prestes a se envolver em um dos mais perigosos jogos políticos de sua era.

Agora, ele e Khirk, seu companheiro silencioso, membro de uma antiga raça escrava, partem para o Sul, onde tentarão impedir os rebeldes separatistas de tomar a coroa da maior cidade do Império de Karis. Encontrarão em seu caminho um Magistrado em missão de paz e um mago ilusionista prestes a realizar o maior espetáculo da sua vida.

O Teatro da Ira, primeiro romance da série Chamas do Império, de Diego Guerra, é uma viagem fantástica onde criaturas místicas e soldados comuns lutam lado a lado nas paredes de escudo, implorando pela própria vida e alimentando as fogueiras da morte para fazer valer as vontades de reis e nobres.

Enquanto Krulgar busca cegamente a sua vingança, não faz ideia de que se tornou apenas mais um dos personagens sombrios deste Teatro da Ira.

Opinião:

Repleto de vingança, de desejo e de coragem, O Teatro da Ira, primeiro livro da série Chamas do Império, é a centelha que inicia um grande incêndio, o portão de entrada para um novo mundo de culturas e mitologias. O Império de Karis está ruindo e uma grande batalha se inicia.
“[...] O Império já está em chamas, magistrado, e vocês perdem tempo tentando adivinhar a cor da fumaça.” — Pág. 270
Diego Guerra mostra seu talento em cada linha escrita. Ele não tem piedade de suas criações. Se têm que dar um fim, ele faz sangrar até a última gota. O autor não adorna seus personagens, ele mostra a verdadeira face de cada um, seus sentimentos e suas qualidades, seus medos e seus defeitos. Seus personagens são notáveis, nos cativam a medida em que vamos os conhecendo. E por cativar eu não estou dizendo que eles são perfeitos, eu estou dizendo que suas imperfeições me mostraram o quão reais eles são. Dentre eles, os meus favoritos são Krulgar, Khirk e Thalla (até certo ponto).
“Ouviu o gemido da corda implorando para fazer voar a flecha. Era uma súplica sedenta de sangue. Um apelo pela alma do outro. É o canto da corda, não a ponta da flecha, que mata o alvo, dizia o ditado. Khirk abriu os dedos e deixou a corda cantar.” — Pág. 167
Khirk é um arqueiro dhäeni (uma antiga raça que foi libertada há poucos anos de sua condição de escravidão) que foi amaldiçoado pela marca fahin, a qual roubou sua voz e sua canção; o pouco da bondade que permaneceu nos recônditos de sua alma fez com que ele salvasse o pobre Krulgar, ainda criança, das injustiças que o assolavam.
“Queria sangue e se empanturrou com ele. Latindo e mordendo. Enterrando suas patas no coração dos monstros e ouvindo costelas estalando ao escancarar seus peitos a dentadas. Os rapazes fugiram. Krulgar farejou o corpo caído de Liliah, ferido e nu, e viu que o brilho havia escapado de seus olhos. Uivou, como fazem os cães quando o pesar é muito grande. Farejou Liliah novamente e sentiu o odor da morte tocar o seu corpo.” — Pág. 45
O mastim demônio, o selvagem que nasceu e cresceu sem esperanças, e Khirk se unem a um grupo de mercenários e iniciam uma peregrinação em busca de vingança. Krulgar deseja, mais que tudo no mundo, vingar a morte de Liliah, a única pessoa que amou em sua vida e aquela que teve um terrível fim. E ele não irá descansar enquanto todos não estiverem mortos.
“A maioria das pessoas tentava esquecer seus pesadelos, Krulgar se esforçava todos os dias para encontrá-los.” — Pág. 19
Thalla, filha do nobre mercador Círius, tem o poder de penetrar no sonho das pessoas, e por meio deles induz Krulgar a seguir um novo caminho. Seus objetivos são outros, mas quando o encontra ela lhe dá a garantia de vingança que ele sempre quis. Sem pensar muito, Krulgar aceita suas imposições e, junto com Khirk, Thalla, Evhin (a fiel dhäen da família) e outros personagens (que se juntam a eles durante o percurso), partem para o sul. Krulgar, em busca de vingança e os demais, atrás de seus próprios interesses.
“[...] Para os dhäeni, os sonhos eram uma forma pessoal de compreender a Grande Canção que regia o mundo. Para Thalla, os sonhos eram uma biblioteca invisível, na qual repousava, em linguagem cifrada, todos os segredos do mundo.” — Pág. 36
Mapa de Karis
O império, as culturas, a política, as criaturas, a mitologia, as crenças... tudo foi criado e desenvolvido com maestria pelo autor. A magia de algumas culturas, uma forma de viajar mais rápido, através da Bota do Gigante, cada detalhe desse universo criado vai sendo descrito. Dentre as culturas e raças, a que mais foi desenvolvida nesse primeiro livro e a que mais me fascinou foi a dos dhäeni e seu envolvimento com a Grande Canção:

“[...] Tudo que um dhäen fazia em sua vida tinha uma canção. Do nascimento à morte, todas as suas tradições eram marcadas por uma música. Era por meio das músicas que passavam seu conhecimento e por meio da música que tocavam o outro lado da vida, aquele capaz de operar pequenos milagres.” — Pág. 89
Muita coisa acontece nesse primeiro livro de Chamas do Império e teria muito mais para comentar, mas deixarei para vocês descobrirem sozinhos. A princípio podemos nos perder um pouco com tantas informações, mas com o passar das páginas, tudo começa a fazer sentido. Vamos separando os protagonistas dos coadjuvantes, conhecemos os cenários, distinguimos as melhores atuações... O Teatro da Ira é o primeiro ato de um grande espetáculo.
“[...] Com um sorriso e um movimento lento e cheio de prazer, esfaqueou-o na barriga. O metal frio invadiu suas entranhas; um objeto desconhecido que o corpo se negava a entender. O homem torceu a faca, com um sorriso vitorioso, os dentes podres e lascados à mostra.” — Pág.16
Eu consegui sentir raiva, pena, alegria e tristeza a medida que as coisas aconteciam. Quem gosta de livros com batalhas, mortes, culturas e magia, certamente deve ler essa série. Chamas do Império, nada mais é, do que a melhor fantasia nacional que eu já li. Talvez vocês discordem de mim, mas gosto é gosto. O livro recebe nada menos do que
Se quiser saber um pouco mais da história, curiosidades e próximos lançamentos, basta acessar o site do autor. Outra coisa, a edição da Draco é excelente, e a capa então, nem se fala, uma das mais chamativas da minha estante.

2 comentários:

  1. Matheus, agradeço muito seu tempo e dedicação nessa resenha. Ela ficou ótima. Fico feliz em ver como as pessoas enxergam esses personagens. No mais, dê uma chance a Thalla, ela pode te surpreender. Grande abraço e obrigado mais uma vez.

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    1. Eu que agradeço Diego, pela chance que me deu de ler um excelente livro e de poder divulgar para mais pessoas. Te desejo muito sucesso. Espero que as Chamas do Império um dia cheguem a todas as estantes do Brasil e quem sabe do Mundo! Pois qualidade ele possui. Vou dar uma chance a Thalla, pode deixar. hehe
      Abraço

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